Ok, você já sabe o que é a Defcon, cansou de ler mensagens em listas e ouvir relatos de brasileiros que já foram para lá e voltaram falando que é uma experiência bacana. Chegou a sua vez. Este artigo irá ajudá-lo com dicas da conferência e da cidade que a hospeda, Las Vegas.
Planejando sua viagem.
A Defcon ocorre todos os anos em um fim de semana próximo ao final de julho e início de agosto. Desde 2009, ela se inicia na quinta (anteriormente era na sexta) e termina no domingo. Procure chegar no dia anterior, para ter algum tempo para descansar da viagem e se aclimatar com a agradável temperatura de Las Vegas no verão. Algo entre 27 graus (de madrugada) a 45 graus (na maior parte do dia). Sim, é quente pacas. E seco. Traga seu rinossoro.
Existem várias opções de vôos do Brasil para Las Vegas. Partindo de São Paulo, há opções da American Airlines, United, Continental, Delta e outras. Os vôos sempre têm uma conexão, que é onde efetivamente você entra nos Estados Unidos, faz a imigração, pega suas bagagens que eventualmente são vistoriadas para em seguida despachá-las novamente ao destino (Vegas). Somente na entrada isso é necessário. Na volta as malas vão direto de Las Vegas ao seu destino final. Falando em malas, quando você compra um vôo internacional, tem direito a despachar duas malas com até 32 kg cada. Se passar disso, paga uma taxa adicional, por volta de US$ 100,00.
Há conexões em Miami, Chicago, Dallas, Nova York e outras. Em média, um vôo São Paulo – Miami dura cerca de 8 horas, e o vôo Miami-Las Vegas, cerca de 4 horas e meia. Compre um vôo em que você tenha um intervalo razoável entre chegar no seu ponto de entrada (nesse caso, Miami) e sair para o destino final. Como eu citei no parágrafo anterior, você terá que fazer a imigração, pegar sua mala, despachá-la. Há também o risco do vôo atrasar. Vale a pena ter um intervalo maior e passear um pouco em Miami (se não quiser ficar esperando no aeroporto) do que perder o voo de conexão.
Comprando suas passagens com antecedência, é possível encontrar valores próximos a US$ 650,00, ida e volta São Paulo – Las Vegas. Consulte seu agente de viagens, ou sites como www.decolar.com.br para encontrar as melhores tarifas. Lembre-se: quanto antes comprar, mais barato fica e mais opções de escolha.
A mesma regra vale para a reserva de hoteis. Consulte os sites www.hotels.com e www.vegas.com para encontrar as melhores tarifas para hoteis em Las Vegas.
Ok, mas Las Vegas tem centenas de hoteis. Onde eu devo ficar ?
Antes de responder, vamos conhecer brevemente Las Vegas em alguns parágrafos. Eu já disse que lá é quente ? Não se esqueça disso. É quente mesmo. E seco.
Há uma rua lá chamada “Las Vegas Boulevard”, conhecida também como “The Strip”. É isso que você vê na maioria dos filmes que se passam em Las Vegas. Tem aquele monte de Cassinos gigantes, luzes e mais luzes. De fato, é a principal avenida de Las Vegas e você pode passar vários dias nela, assitindo shows, indo a parques de diversões dentro dos hoteis (todos os cassinos lá são hoteis) , vendo atrações, fazendo compras e é claro, jogando. Basta você ter muito dinheiro. Caso você seja pobre como eu, tem bastante coisa grátis, como as fontes do Bellagio, o vulcão do Treasure Island, os tigres brancos do Mirage, Leões do MGM, etc. Prepare sua máquina fotográfica, tem muita coisa legal para registrar.
Saindo da Strip, há a região central, chamada Freemont, onde há cassinos mais antigos e um gigantesco painel luminoso que cobre a rua. Vale a visita.
Nas ruas paralelas ou transversais a Strip também há bastante comércio, cassinos e opções de hotéis. Use o Google Earth ou maps para uma vista geral de Las Vegas.
Mas voltando aos hoteis, sua decisão de onde ficar depende de sua decisão relacionada a locomoção.
Pessoalmente, recomendaria que você alugasse um carro. As tarifas de Las Vegas são em geral menores que outros lugares, como Miami, por exemplo. Um carro medio (que nos Estados Unidos equivale a algo grande por aqui) custa cerca de US$ 110,00 por dia, incluindo todos os seguros e GPS. Sim, faça o seguro total. Não é uma boa ideia não ter seguro se alguma coisa acontecer nos EUA. Ah, tem estacionamento em todos os lugares, sem custos. Lembre-se que voe pode estacionar e levar a chave ou deixar em um serviço de vallet. Basta dar um Tip ao manobrista depois. Consulte www.carrentals.com para descobrir qual locadora de veículos tem o melhor preço. Faça sua reserva com antecedência. Dica: A reserva não inclui os custos do seguro e outros opcionais como GPS. Considere uns US$ 60 a mais na sua diária para estes extras. Após reservar, verifique periodicamente se não há taxas melhores ou promoções para upgrade do veículo. Os preços variam diariamente.
Optando por ter um carro, suas opções de hotel não se limitam a proximidade do Riviera, onde a Defcon ocorre. E mesmo que você escolha um hotel próximo, como o Circus Circus, que fica em frente ao Riviera, não significa que você não terá que andar. Na prática, se você ficar no Circus Circus, que é o hotel mais próximo, terá que andar, do seu quarto até o Riviera, uns 300 a 500 metros. Lembra que é quente, né ? O Circus Circus custa cerca de US$ 40,00 por dia.
Já com o carro, é possível escolher hotéis um pouco mais afastados, com preços que variam de US$ 15,00 a US$ 40,00 por dia. Este é o preço do quarto, para até duas pessoas.
Com um pouco mais de dinheiro (e o carro), opções como o Stratosphere (US$ 45,00), Luxor (US$ 75,00), Hilton (US$ 82,00), são interessantes. Estes preços são aproximados, lembre-se de reservar com alguma antecedência para melhores taxas. E é claro, você pode ficar no próprio Riviera, porém, lembre-se que ele lota rápido.
Vegas e proximidades
Ok, você já tem sua passagem, seu carro e seu hotel. O que mais falta ? Bem, além da Defcon, há algumas coisas interessantes para se fazer em Vegas e pode ser uma boa ideia, se seu tempo e orçamento permitir, chegar alguns dias antes ou ir embora alguns dias depois. Como eu já citei, se é sua primeira vez, andar (a pé e a noite) pela Strip e visitar os cassinos é sempre interessante. Uma ou duas noites é suficiente para uma exploração do local. Uma noite na Freemont também é uma boa ideia.
Há diversos shows, como Cirque du Soleil, Blue Man Group, Mágicos, Comediantes, etc. Mais uma vez, procure adquirir seus ingressos com antecendencia. O site www.vegas.com pode lhe ajudar.
Nas proximidades de Vegas, a cerca de 30 milhas está o Hoover Dan, que é aquela represa e usina hidra-elétrica no rio Colorado. Dá para pagar por uma visita que inclui as instalações ou só passar por cima e tirar fotos de concreto e um lago. Sim, é legal, mas só um pouco. Seguindo por essa mesma estrada (93/95), mais umas 50 milhas e você chega em Kingman, de onde pode pegar a Route 66. Este é um passeio muito interessante, histórico e cheio de referências nostálgicas, como motéis, lojas e lanchonetes que parecem ter parado no tempo. A estrada é boa e feita para andar devagar (55 milhas por hora), curtindo a viagem. De Kingman, siga para Hackberry e pare em um antigo posto de gasolina, do lado esquerdo. Paraiso para fotografos. Continue em frente até Peach Springs e depois Seligman onde você pode comer um hambuger na simpática lanchonete chamada “Cheeseburger with cheese”. Aproveite para visitar as lojinhas de souvenirs e tirar fotos dos carros e construções por lá. Converse com os locais, eles adoram os poucos turistas que ainda passam por lá.
Em Seligman você pode continuar na 66, continuar mais 100 milhas até o Grand Canyon, ou voltar, pela própria 66 ou pela I-40, até Kingman e de lá pela 95 até Las Vegas. A paisagem de deserto desse trecho da 66 é difícil de descrever. Muito bonita e hipnotizante. Inicio da manhã e fim de tarde fazem contrastes mais acentuados com as montanhas ao fundo.
Tenha o cuidado de ver antes no Google Maps ou semelhante onde estão os postos de gasolina que ainda funcionam. Lembre-se, é deserto e passa pouca gente por ai. Celular não pega longe das cidades. Leve água e respeite o limite de velocidade se não quiser ser perseguido pela polícia local.
De volta a Las Vegas, é hora daquela cervejinha. Custa por volta de US$ 5,00, em média. Tem dois bares que recomendo: O bar central do cassino Hard Rock, sempre cheio de gente jovem e bonita e um local chamado Carnival, que fica ao lado do Cassino Imperial, na Strip (quase em frente ao Caesar Palace). Se você for à próxima Defcon e estas dicas lhe foram úteis, aproveite para pagar uma cerveja pra mim em um desses locais.
Agora, se você quer economizar e dar uma calibrada antes de sair, passe em um Wal-Mart e compre um pack, já gelado de 30 Buds por cerca de US$ 15,00. Não beba dentro do carro, mesmo se voce for passageiro. A polícia de lá para e prende todo mundo. Alguns hoteis possuem frigobar.
Falando em Wal-Mart, como um velho amigo meu diz, é o local ideal para você comprar aquele pack de 2000 cotonetes que está em oferta. Normalmente você entra para comprar algo que precisa (a cerveja, por exemplo) e acaba saindo de lá com um monte de coisa legal que aqui no Brasil custa caro. Coisas do American Way of life. Batatas Pringles (US$ 1,50), catchup Heinz (US$ 2,00) e outros cacarecos. Só não é mais divertido do que ir à Frys Electronics, o paraíso dos nerds, e na Best Buy.
Perto da Frys (que é perto do Aeroporto) tem também o Las Vegas Outlet, onde você encontra marcas famosas com preços de fato baratos. Tênis, roupas, relógios, perfumes e souvenirs a preços excelentes. Mais uma razão para alugar aquele carro...
E a Defcon ?
Bom, depois de todo esse turismo e compras, vamos ao que te trouxe a Las Vegas.
A primeira coisa é ir buscar seu crachá. O Crachá da Defcon sempre é bacana e faz alguma coisa especial (o desse ano, por exemplo, tinha um led que reagia a sons). Já é tradicional nos ultimos anos que os crachás cheguem e se esgotem rapidamente. Se isso ocorrer, você fica com um provisório e depois troca pelo definitivo, mas isso significa que você terá que enfrentar duas filas. Procure pegar o seu crachá na quinta o quanto antes. Além do crachá você ganha uns adesivos, um CD com os materiais e a programação do evento.
Aproveite e pegue outra fila para comprar seus souvenirs da Defcon, como a camiseta oficial, canecas, copinhos, etc. As coisas legais acabam cedo também.
De uma lida na programação para saber dos diversos eventos que ocorrem na Defcon. As palestras são apenas uma parte do que rola lá. Por exemplo, há um concurso para ver quem gela a cerveja no menor tempo. Nitrogenio líquido e outras geringonças participam. Coffe Wars é um concurso para eleger o melhor café. Mistery Chalenge, como o nome diz, é um desafio misterioso. Capture the Flag é um torneio para equipes pré qualificadas, onde os participantes tentam atacar e defender diversos servidores disponibilizados pela organização. Cuidado, não circule perto da area do capture de flag com a câmera fotográfica ligada. Alias, cuidado ao tirar fotos na Defcon, algumas pessoas não gostam de ser fotografadas e um Goon poderá lhe pedir que apague alguma foto.
Goon ? Eles são as pessoas, voluntárias, que organizam as coisas durante o evento. Um misto de segurança com faz tudo. Os Goons têm autoridade na Defcon, siga suas instruções para não ter problemas. Alguns parecem normais e inofensivos, outros se parecem com sargentos do exército. Você irá reconhecê-los, não se preocupe.
Na área do hotel onde ocorre a Defcon há umas escadas que dão acesso aos Skyboxes. Lá você Irá encontrar coisas interessantes como o Hardware Hacking Village, onde pessoas podem aprender e compartilhar técnicas de modificação de hardware. O seu crachá pode ser customizado aqui.
Outra sala nos Skyboxes é o Lockpicking Village, onde há palestras e hands-on sobre abertura de cadeados, fechaduras e tudo o mais que se possa imaginar. Há uma “lojinha” que vende as ferramentas também.
De volta ao piso inferior, não deixe de visitar a Vendor Area, onde se pode adquirir livros, hardware novo ou usado (de placas WI-Fi até como estações Sun ou Silicon Graphics antigas, passando por roteadores, switches, notebooks, tablets, palms Macs antigos e por ai vai). Há também stands da EFF, Hackers for Charities, DJ’s, roupas, acessórios e algumas outras coisas bizarras difíceis de descrever. Leve dinheiro.
Finalmente, não deixe de ver algumas palestras. Há normalmente 4 ou 5 tracks e vale a pena dar uma lida no descritivo de cada palestra antes de escolher aonde vai, pois muitas delas tem títulos não muito óbvios. Veja qual é a sala que sua palestra será e posicione-se na fila do lado de fora, se houver. Caso não haja, você pode entrar no fim da palestra anterior e esperar na sala, mas observe que quando a palestra seguinte é muito Hype, os Goons pedem que todos saiam da sala, priorizando quem está do lado de fora, aguardando na fila. Respeite essa organização, mesmo sendo meio chata. E não seja um espertoman. Nada de furar fila ou tentar entrar por alguma porta alternativa.
Na Defcon não tem horário de almoço, coffe break, etc. Procure uma sala que vende comida. É um serviço oferecido pelo hotel e você poderá apreciar quitutes como finger tips, hamburgers e aquela salada americana. Pegue sua guloseima favorita, pague e encha de molhos. Sim, você sobrevive a alguns dias comendo assim. E é barato, menos de 10 dolares te alimentam. Sobra mais para a cerveja. Aliás, das 5PM a 7PM, a cerveja fica mais barata na Defcon. Aproveite !
Finalmente, há diversas festas que rolam nos dias anteriores, posteriores e durante a Defcon. Algumas são fáceis de ir, como a Freakshow. Outras dependem de você ser convidado, normalmente com antecedência. As festas normalmente são patrocinadas por algum fabricante de produtos de segurança. Ter algum deles em sua rede de relacionamento pode garantir um convite. A vantagem das festas é que aquela cerveja de US$ 5,00 é grátis, além de outras bebidas. Algumas festas ocorrem em casas noturnas bacanas de Las Vegas e também é uma oportunidade para conhecê-las sem custo. Fique atento aos horários, as festas começam e terminam exatamente no horário do convite.
Bem, essas foram as dicas básicas para quem nunca foi a Defcon. A cada ano, novos brasileiros passam a integrar a trupe que vai lá. E voltam no ano seguinte. Deve significar alguma coisa. Nos vemos em Vegas !
(*) Artigo escrito originalmente para a Antebellum